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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Códigos de Sangue Parte 9: Ostentação dos tolos


 










  


"Todo sistema evolui conforme a mídia"  Don Silva 



11:30
Era uma noite chuvosa quando Vitor decidiu fazer parte do roubo a uma casa fora da vila, seu amigo Pablo deu-lhe um revolver .40 juntamente com um cartucho para o vulgo assalto que estava nos planos, ambos marcaram para se encontrar perto da casa, onde estaria ele com mais dois homens. No meio o caminho Vitor se perguntara, o quê houve comigo? Nem sei quem sou, Pablo quebrou o silêncio exaltando suas músicas que, levemente levantaram uma indagação..... tudo isso é pelo dinheiro? Ou pelo poder? Ou simplesmente pelo prazer de fazer? Ele lembrara de uma conversa muito produtiva com Silva há muitos anos, algo chamado de dialética histórica, algo inventado por um tal de Hegel, Vitor não sabia ao certo quem era o inventor ele só se lembrava do objetivo desta técnica. Uma técnica saudosa que pesquisa o passado para saber sobre o presente e cogitar abstratamente o futuro. Utilizando-se da técnica proposta ele então refletiu naqueles poucos minutos, o quê era aquele funk ostentação? De onde ele veio, o quê ele fala e para que? Bom estudando nosso aparelho auditivo, ainda mais com Don Silva, um gênio em forma de gente. Ver-se que o aparelho auditivo capta as vibrações em dois pontos, e existem receptores supersensíveis que enviam informações ao cérebro, chegamos a percepção, ela depende da natureza, do ambiente, da forma e da cultura, Meu Deus! Ele havia achado um sentido agora, um padrão, então significa que a música tem um valor tema, ou seja uma inspiração para cometer atos concretos, um motivo, um sonho, a musica cria sonhos e expectativas, utopia, essas vibrações possuem poder assim como as palavras que estão nelas, um hipnotismo aceitável, por isso Platão odiava os poetas. Mas ainda não era tudo para a mente turbulenta de Vitor, ele achara a importância da música para o meio, ela tanto pode curar como pode adoecer as mentes, pois, todas as letras vão para a percepção, da percepção ao pensamento, do pensamento pode ir ao ato, do ato para o habito e do habito ao conformismo, falta-lhe agora investigar a história. Bom toda música gira em torno de um foco, este foco será utópico em nossa mente, a medida que ela bate e vira costume, logo,, virará uma realidade posta, agora indo ao objeto histórico do Funk antigo, as desigualdades do povo pobre, mostrar ao mundo as origens humildes, mostrar um novo ângulo de visão, outra percepção, logicamente como todos temos visões diferentes, porém, culturas ou modulos facilmente sugestionáveis muitas vezes,  o real proposito e ser quem não é,  assim essa realidade foi tomada por alguns grupos, é inevitável que muitos ganhem dinheiro em cima disso, assim foi, a maquina capital  se desenvolve como um vírus. O virus capital encontrou no meio do Funk uma chance, essa chance iria mudar o rumo para sempre dos sonhadores humildes, mulheres, sim mulheres, faltava esse charme no Funk, o povo rico não queria ouvir a realidade da favela, a classe media não queria saber do sofrimento, ela queria dança e fazer sexo com mulheres, o Funk sofreu mutações para se ajustar ao modelo econômico e resistir ás investidas dos antagonistas, o sexo era á chave, mas não critiquem, pois outros gêneros ou quase todos partiram para este lado também, é um mercado que nunca falha. Pouco a pouco as letras foram mudando, da realidade das favelas, para as mulheres no baile, das mulheres no baile para letras de duplo sentido, até chegar a obscenidade completa.


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